Musculoso? Talvez. Saudável? Nem tanto 2k304q

13s

OPINIÃO - Osmar Marchioto Jr. 2c292v

Data 04/06/2025
Horário 04:30

A busca por um corpo musculoso e definido, muitas vezes impulsionada por padrões estéticos irreais e reforçada pelas redes sociais, levou ao uso disseminado de esteroides anabolizantes por pessoas comuns, não apenas por atletas profissionais. O que poucos sabem ou preferem ignorar é que o uso dessas substâncias pode fazer com que o corpo envelheça por dentro, especialmente no que diz respeito ao sistema cardiovascular.
Um estudo recente conduzido no Brasil trouxe uma constatação alarmante: homens e mulheres que usavam esteroides anabolizantes há pelo menos dois anos apresentavam uma “idade vascular”, ou seja, a idade de suas artérias, cerca de oito anos superior à sua idade cronológica. Isso significa que, apesar de aparentarem juventude e força física por fora, esses indivíduos estavam envelhecendo prematuramente por dentro.
Essa descoberta foi possível graças à medição da velocidade da onda de pulso (VOP), um exame não invasivo que avalia a rigidez das artérias. Quanto mais rígidas as artérias, mais rápido o pulso de sangue se propaga e maior é o risco de doenças cardiovasculares, como infarto, derrame, hipertrofia do coração e insuficiência cardíaca. No estudo, 72% dos usuários de esteroides estavam acima do percentil 75 para a VOP, o que os coloca entre os indivíduos com pior saúde vascular para sua faixa etária.
Além disso, esses usuários apresentaram pressões arteriais centrais elevadas, outro indicativo de sobrecarga no sistema circulatório. Embora nenhum deles tivesse sintomas cardiovasculares no momento do exame, os dados apontam para um risco silencioso e crescente. Ou seja, a ausência de sintomas não significa a ausência de doença.
Mas por que isso acontece? O uso de esteroides está associado a alterações nos níveis de colesterol, aumento da pressão arterial, inflamação crônica e disfunção do endotélio, a camada que reveste os vasos sanguíneos. Todos esses fatores contribuem para o enrijecimento das artérias e o envelhecimento precoce do sistema cardiovascular. Esse é um processo cumulativo e, muitas vezes, irreversível.
É importante destacar que os efeitos nocivos não desaparecem apenas com a interrupção do uso. Estudos mostram que, mesmo anos após a suspensão dos esteroides, alterações vasculares significativas podem persistir, comprometendo a saúde a longo prazo. Em outras palavras, o preço a ser pago pode não ser imediato, mas será cobrado adiante e com juros altos.
A grande ironia é que, ao buscar uma aparência jovem e atlética, muitos acabam acelerando seu próprio envelhecimento. E não apenas da pele, mas dos vasos que irrigam o coração e o cérebro. Como disse o médico inglês Thomas Sydenham, no século XVII, “um homem é tão velho quanto suas artérias”. Quatro séculos depois, essa máxima continua mais atual do que nunca.
Esse estudo é um alerta. Ele reforça a necessidade de informação clara, responsável e baseada em evidências sobre os riscos reais do uso de esteroides. Em vez de soluções fáceis para o corpo ideal, precisamos valorizar a força que vem da saúde de verdade, aquela que não precisa de atalhos.

Publicidade

Veja também 3f43k

Esportes 6g185j

Notícias Alta Roda

Turismo 1b4s6k

Notícias Diário de Bordo

Guias 6c22v

Todos Comer e Beber
ANUNCIE AQUI

Segurança 224x5r

Site Seguro

Redes Sociais a4dw

Associado: c1w62