Em tempos cada vez mais ruidosos, velozes e artificiais, há algo de profundamente humano e necessário, em parar, ouvir o canto de um pássaro, observar seu voo e perceber que ainda há beleza e vida onde tantos veem apenas recursos a serem explorados. É essa conexão com o essencial que estará em foco neste sábado, na área de preservação da Apoena, em Presidente Epitácio, durante a terceira edição local do Global Big Day.
Mais do que uma simples reunião de observadores de aves, o evento é um chamado à consciência. A partir das 7h, amantes da natureza, cientistas cidadãos e curiosos se unem em uma maratona global de registros de aves, contribuindo com dados para a ciência e, mais que isso, para a preservação de um patrimônio que é de todos: a biodiversidade.
O Brasil, um dos países mais ricos em avifauna do planeta, é também um dos que mais sofrem com o desmatamento, as queimadas e o avanço predatório sobre seus ecossistemas. A beleza de um pássaro colorido ou o som delicado de seu canto não são apenas encantos naturais: são indicadores da saúde ambiental de uma região. Onde há aves, há floresta. Onde há floresta, há água. E onde há água e árvores, há futuro.
A valorização da natureza a, necessariamente, pelo reconhecimento daquilo que ainda temos de belo, e que resiste. Iniciativas como o Global Big Day são exemplos poderosos de que é possível reunir ciência, educação ambiental e emoção em uma mesma jornada. É um lembrete de que a preservação não é uma tarefa distante, técnica ou exclusiva de especialistas. Ela começa com o simples gesto de olhar para o céu, ouvir, registrar e cuidar.
Neste sábado, ao redor do mundo e também em Epitácio, olhos e ouvidos estarão atentos não apenas às aves, mas ao recado que elas trazem. Que ele ecoe mais alto que o barulho da destruição e nos inspire a agir, enquanto ainda é tempo. A natureza agradece e canta em resposta.
