No último sábado, um episódio tenso fora das quatro linhas marcou a partida entre Grêmio Prudente e Linense pela 7ª rodada do Campeonato Paulista Sub-15. O jogo, realizado no Estádio Gilberto Siqueira Lopes, em Lins, precisou ser paralisado por 36 minutos após o atleta dos Carcarazinhos, João Morato, camisa 6 do time prudentino, apresentar sintomas de broncoespasmo e falta de ar. Segundo relato do médico do clube, Dr. Breno Casari, a ambulância presente no local não dispunha de equipamentos nem medicações para atendimento adequado.
Na súmula da partida, o árbitro Eduardo Luiz Di Doné descreveu que, apesar da presença de duas ambulâncias no local, o médico do Carcará informou que a estrutura era inadequada e solicitou a suspensão da partida. O jogo, que estava na parte final do segundo tempo, ficou paralisado por 36 minutos até a chegada de uma UTI móvel, quando então foi retomado para os dois minutos finais. Cada tempo no Paulista Sub-15 tem 35 minutos de duração.
Em áudio encaminhado à imprensa pela assessoria do Grêmio Prudente após o jogo, Breno Casari detalhou a situação:
“Então, na verdade, aos 32 minutos do segundo tempo, nosso aleta João Morato referiu que estava com falta de ar, mal-estar, eu me dirigi com o mesmo até a ambulância que estava no campo e, chegando lá, era uma ambulância simples, dentro não tinha nenhum aparelho, nenhum tipo de medicação. O médico relatou que ele foi apenas contratado para vir para o jogo, que ele não tinha responsabilidade nenhuma sobre o ocorrido, e atendeu meu atleta. Disse que ele estava realmente em broncoespasmo, para aguardar um pouco, meu atleta ficou sentado no banco, inclusive do adversário, por um período”.
E continuou: “Eu solicitei que [a partida] fosse então suspensa a partir do visto que a gente não tinha a equipe mínima para que fosse realizada a partida, comuniquei o delegado e o árbitro, demoraram sete minutos para que ocorresse a interrupção da partida. E aí interromperam. A gente levou os nossos atletas para o vestiário. Por volta de 45 minutos depois mais ou menos chegou a ambulância aqui considerada UTI móvel no estádio. A gente foi chamado novamente para o campo e meu atleta foi reavaliado pela equipe médica que resolveu removê-lo depois de quase 60 minutos para o hospital. Então, assim, o risco é um risco absurdo de um atleta estar ado mal no campo e depois de 60 minutos ele ser transferido. Ou seja, algum problema realmente ele tinha. Então acho que esse é o relato mínimo que a gente tem que ter de uma partida. Eu acho que é uma falta de respeito muito grande, visto que a gente tem cobrado sempre esse cuidado em Prudente”, relatou o médico.
Apesar da presença de duas ambulâncias no local, como também consta na súmula, a estrutura contraria o Regulamento Geral de Competições da Federação Paulista de Futebol. O documento, em seu § 4º do artigo 28, determina a obrigatoriedade da seguinte estrutura médica, cuja a providência é obrigação do clube mandante:
• Uma ambulância do tipo D (Ambulância de e Avançado), com médico, dois enfermeiros, medicamentos e equipamentos para e avançado, conforme a Resolução do CFM nº 1.671/2003 e a Portaria do Ministério da Saúde nº 2.048/2002;
• Uma ambulância do tipo B (Ambulância de e Básico de Vida) com tripulação mínima de um condutor, um profissional de enfermagem, seus equipamentos e materiais para atendimento às urgências.
A reportagem de O Imparcial entrou em contato com a FPF para esclarecer se haverá averiguação sobre o cumprimento do regulamento no estádio em questão e se há possibilidade de punição à equipe mandante. Até o fechamento deste material, a FPF ainda não havia se manifestado oficialmente. A reportagem também procurou o Linense, mas o Elefante da Noroeste também não se manifestou sobre o ocorrido até a publicação desta matéria.
No início da tarde de hoje, o médico do Grêmio Prudente informou que João Morato está bem e iria ser consultado por um pneumologista pediátrico: “O João está bem. Hoje ele tem uma consulta com o especialista, um pneumologista pediátrico, para a gente verificar alguma patologia de base, como uma asma ou uma bronquite. Vou acompanhá-lo nesta consulta”, disse o Dr. Breno Casari.