“Fotografia é memória, e a memória tem de existir”, dizia o grande e emblemático fotógrafo, Sebastião Salgado. Nasceu em 8 de fevereiro de 1944, em Aimorés, Minas Gerais, e vindo a falecer recentemente, no dia 23 de maio de 2025, em Paris, na França.
Foi um fotógrafo documental e fotojornalista brasileiro. Assisti uma entrevista com ele e foi muito emocionante ouvi-lo. Ele deixa um legado único em imagens de suas centenas de viagens pela Floresta Amazônica e por diversas regiões do planeta. Ele contraiu malária, uma doença muito grave, adquirida há cerca de 15 anos trabalhando no projeto Gênesis, na Nova Guiné. Ele não descansava nunca. Mesmo doente não desistia dos projetos.
“Eu peguei malária e os médicos em Paris, no tradicional hospital Salpêtrière, me disseram que eu deveria descansar por seis meses, porque a doença ataca o corpo inteiro, mas, tive de desobedecer porque já estava no platô do Colorado, eu não pude interromper a excursão fotográfica, mas quando voltei a Paris, minha defesa imunológica despencou e eu desenvolvi uma infecção generalizada, tomando doses cavalares de antibiótico. Minha máquina de produzir glóbulos brancos e vermelhos se danificou para sempre. É uma espécie de câncer que adquiri, sou tratado por oncologistas”, ele revelou.
Pouco antes de falecer, ele falou sobre o futuro da fotografia na era da Inteligência Artificial. Ele afirma que, “Você só fotografa com a sua herança, com tudo que está dentro de você”. Ele se refere, às fotografias dos céus dramáticos de Minas Gerais, nas montanhas da fazenda de seu pai, que o levava para ver, no pico mais alto, para se chegar àquelas nuvens incríveis, para ver o raio de sol ar, através dessas nuvens, a chuva. Ele dizia que “aquelas imagens ficaram em mim”.
Quanto ao impacto da IA na arte visual, Salgado mostrou-se aberto ao avanço tecnológico, mas cético sobre o futuro da fotografia enquanto memória. “Eu não estou querendo tirar o lugar da IA. Eu acho que ela vai fazer coisas fantásticas, talvez até melhor do que a gente. Com a nossa inteligência normal, o que nós fizemos foi destruir o planeta, fizemos guerra, fizemos violência. Talvez uma inteligência artificial seja realmente inteligente para levar a gente em outra direção”, ponderou.
Impactante e triste essa realidade, mas verdadeiro o que ele nos deixa com essa sua impressão da IA. Quanto às fotografias tiradas pelo celular, ele afirma que a foto é sua vida, celular você troca toda a hora, perde-se. O ideal é que os pais levem as fotos de seus filhos para revelarem. Adeus Sebastião Salgado, grata pelo seu legado, aprendizado e sensibilidade.