A Polícia Civil do Estado de São Paulo deflagrou ontem a Operação Transponder, que visa combater células criminosas da facção que atua dentro e fora dos presídios paulistas. Os presos são acusados de comandar crimes de dentro das penitenciárias do Estado. Foram expedidos 39 mandados de prisões temporárias em todo o Estado, sendo que 14 são de pessoas que já estavam presas outros 25 que estavam em liberdade. Até o fim da tarde, as equipes haviam prendido 34 suspeitos de integrar a organização.
Na região de Presidente Prudente, segundo o Deinter-8 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior-Oito), 23 mandados de prisões foram cumpridos, sendo que 13 já estavam dentro de penitenciárias, nove foram abordados em residências e um flagrante com entorpecente. Aindam houve cumprimento de 36 mandados de busca e apreensão.
A operação estadual é coordenada pela Delegacia Seccional de Adamantina. De acordo com a delegada Laiza Fernanda Rigatto Andrade, o próximo o é analisar os 300 objetos apreendidos – manuscritos, celulares, pen drives, entre outros, para concluir o inquérito policial.
“Nos próximos 10 dias, o documento deverá estar finalizado e, durante este período, pode ser que os materiais apreendidos indiquem outros fatos, o que poderá resultar em um desdobramento da investigação”, pontua Laiza.
Conforme a investigação, a suspeita é de que indivíduos em cárcere praticavam diversos crimes de dentro das unidades prisionais. O grupo é responsável pela movimentação financeira, tráfico de drogas dentro e fora dos presídios e comunicação com outras organizações criminosas.
Ainda, foi constatado que na região de Prudente as atividades centralizadas eram a de comunicação de dentro das unidades prisionais, atividades do “tribunal do crime” e tráfico que, segundo a polícia, há registros de tráfico internacional com vista a trazer entorpecentes do Paraguai.
Na mira
A apuração teve início há três meses, a partir de fragmentos de manuscritos apreendidos em presídios regionais de Prudente. Diante das evidências de supostos crimes, o serviço de inteligência da Polícia Civil reuniu as informações e revelou que integrantes da facção estariam comandando ações criminosas de dentro da Penitenciária Ozias Lúcio dos Santos, em Pacaembu.
Além desta, os investigadores constataram que os acusados mantinham contato com presos das penitenciárias de Junqueirópolis e Martinópolis, e que também comandavam ações em outros Estados.
Devido à descoberta do envolvimento de mais pessoas no esquema criminoso, a operação foi deflagrada em 22 cidades do Estado de São Paulo simultaneamente, o que totalizou 56 mandados de busca e apreensão. Além de Prudente, as equipes se deslocaram a Pacaembu; Irapuru; Flórida Paulista; Martinópolis; Presidente Bernardes; Junqueirópolis; Caiuá; Presidente Venceslau; Presidente Epitácio; Teodoro Sampaio; São Paulo; Jandira; Itapevi; Taboão da Serra; Guarulhos; Aparecida; Mirassol; Mongaguá; São José do Rio Preto; Sorocaba; e Andradina.
Contas bloqueadas
A polícia estima que o esquema criminoso tenha o envolvimento de pelo menos 65 pessoas. Além das prisões, a investigação policial alcançou bens e bloqueou quantias em todas as contas bancárias vinculadas a 47 integrantes que movimentam diariamente valores provenientes da atividade criminosa. De acordo com a delegada Laiza, até o fim da tarde de ontem não havia um valor estimado do total das contas bloqueadas, porém, a movimentação pode ter sido “muito grande”.
SAIBA MAIS
A Operação Transponder teve o apoio do MPE (Ministério Público do Estado de São Paulo) e da SAP (Secretaria de istração do Estado de São Paulo). Participaram da ação 250 policiais civis, com o apoio de 65 viaturas.
