Nos últimos meses, vídeos de empresários chineses ganharam repercussão ao revelar o custo real por trás de itens de luxo. Em um caso específico, uma bolsa vendida por 38 mil dólares teria custo de produção inferior a mil. A revelação causou controvérsia, levantou questionamentos sobre a formação de preços e nos convida a refletir: afinal, o que determina o valor de um produto?
Nesta matéria, vamos trazer esse debate para a realidade de quem trabalha com produtos populares — como lanches, cadernos, tênis ou bolsas de preço ível. Porque, no comércio, o valor não está apenas no custo do item, mas no que se entrega além dele.
Empresários de papelarias, lanchonetes, lojas de calçados ou bolsas populares também podem (e devem) agregar valor ao que vendem, em vez de entrarem em disputas por quem cobra menos. Atendimento cordial, ambiente limpo, ingredientes de qualidade, loja organizada e atenção ao cliente fazem diferença. Tudo isso gera confiança e valor.
Um lanche bem-preparado, servido com higiene e simpatia, pode custar R$ 5 a mais e, mesmo assim, ser a escolha preferida do cliente. O consumidor não quer só o mais barato: ele quer se sentir bem atendido e seguro de que está levando um bom produto. Se o valor percebido for maior do que o preço cobrado, ele paga com satisfação.
Claro, essa margem tem limite. Se o concorrente oferece algo semelhante por um valor muito menor, o cliente pode mudar de opção. Por isso, é importante não cair na armadilha de baixar preços por medo. Em vez disso, invista no que diferencia seu negócio e fortalece a experiência de compra.
A lógica é parecida com a dos produtos de luxo. Como explicou o economista Sergio Alberich, o preço final vai muito além do custo direto. Contudo, estes artigos contam com o "efeito Veblen", em que o alto preço aumenta o desejo pelo item. Além disso, há despesas com marca, marketing, impostos, logística, entre outros. No varejo popular, a diferença está no atendimento, na apresentação, no cuidado com os detalhes. E o cliente percebe isso.
Conquistar o cliente vai além de oferecer o menor preço. Trata-se de construir uma experiência positiva, consistente e confiável. Mostrar que, mesmo com simplicidade, há dedicação e respeito em cada venda. O consumidor reconhece e valoriza quem entrega mais do que o básico — e, por isso, volta. Mas, atenção: exagerar no preço sem oferecer um diferencial claro pode afastar.
A chave está no equilíbrio: cobrar de forma justa e entregar com excelência. Porque, no fim das contas, não importa apenas quanto custa uma bolsa — e sim, quanto ela vale para o cliente.